quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Apresentando Artemise Galeno

 


Artemise Galeno




LEITO DE MORTE

 

Quando a morte por ela bradou

Num álveo místico e suspeito

Do agro fel da maldade tive medo

Mísera dor que rasgou meu peito.

Embaracei-me entre a razão e a fé

Vê-la padecendo em seu frívolo leito.

 

Estremecido, segurei suas mãos álgidas

O dia ainda não havia findado

Permanecia em mim meio covarde

O grito que não pôde ser bradado.

Prossegui medíocre por dentro

Ao ver seu rosto desfigurado.

 

Adentrei no tribunal do fim dos tempos

Fui acusado merecidamente sem paz

Fui réu e desabei com atilamento

Que eu pereça fielmente mais e mais

Como uma luz que acelerada se apaga

Como um eco que sem pressa se desfaz.

 

Por ela, divorciei-me do encanto das tentações

Estive às portas do céu... Uma saída

Expus meu anjo que dormia nos meus braços

Poderia alguém devolver-lhe a vida?

 

O bálsamo do seu corpo gélido espargiu

Não podia ali deixá-la. Ela a mim pertencia...

Meu canto fúnebre retumbava como afago

Dei-lhe em morte que em vida não ousaria.

 


5 comentários: